20/02/2013 08h09
- Atualizado em
20/02/2013 17h36
Mosca branca prejudica produção de soja na região de Itapeva, SP
Custo da plantação aumentou cerca de 8% com a aplicação de defensivos.
Além dos campos, moscas invadem as cidades e podem atacar jardins.
Jéssica Pimentel
Do G1 Itapetininga e Região
Mosca branca se prolifera em plantações,
principalmente, nas de soja e feijão.
(Foto: Sadau Obute / VC no G1)
Os produtores de soja da região de
Itapeva
(SP) registraram um aumento no custo da produção da cultura de
aproximadamente 8%. O motivo apontado por eles seria o maior gasto com
defensivos agrícolas aplicados na lavoura na tentativa de prevenir o
ataque das moscas brancas, uma praga bastante prejudicial para o
desenvolvimento das plantas.
Segundo o engenheiro agrônomo André De Nadai, consultor em uma fazenda
que possui aproximadamente 500 hectares de área plantada de soja, o
inseticida para o combate do inseto custa em média R$ 150 por hectare.
Nadai afirma que ainda não foram registrados prejuízos causados pela
praga, no entanto, o aumento do custo da produção prejudica nos lucros
da colheita.
O especialista explica que a mosca branca se reproduz em maior
quantidade durante o período de calor, portanto, época da safra da soja
cultiva em novembro. “É necessário um investimento maior nas plantas que
foram cultivadas a partir desta data, já que são as que passam pelo
período de maior calor até serem colhidas”, afirma o agrônomo.
O período de produção da soja, desde o plantio até a colheita, é de
aproximadamente 130 dias. O engenheiro agrônomo diz que na safra de
2013, o grão começou a ser colhido no começo de fevereiro. Devido ao
intenso período de calor, o volume de insetos aumentou.
O ciclo biológico da mosca branca pode variar entre 21 e 45 dias.
Segundo o agrônomo, a mosca pode prejudicar a planta de duas formas. A
primeira ação prejudicial é quando a mosca branca suga a seiva da
planta, líquido que contêm todos os nutrientes do grão impedindo o mesmo
de crescer. A outra forma é quando as fezes liberadas pelo inseto
formam o fungo do tipo fumagina que também impossibilita as plantas de
se desenvolverem.
A mosca se procria em mais de 500 espécies diferentes de vegetais, mas principalmente em soja e feijão.
A produção de soja é uma das principais culturas agrícolas da região.
Ela representa 80% de toda a área plantada nas 15 cidades atendidas pela
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) de Itapeva. O
sudoeste paulista é uma das principais áreas de produção da cultura em
todo o estado de São Paulo.
De acordo com o engenheiro responsável pela Cati, Paulo Roberto Leite, a
cada ano também aumenta a área cultivada. Em 2013, esse aumento pode
chegar a 25%.
Devido ao aumento na área produzida, também aumenta o volume da mosca
branca. “O aumento da mosca é proporcional a área plantada, portanto,
quanto maior a plantação, maior a quantidade de inseto”, diz Leite.
Morador registra ataque de moscas brancas em
Itaporanga (SP). (Foto: Sadau Obute / VC no G1)
Invasão nas cidades
Segundo produtores rurais, a mosca se procria principalmente em
períodos de calor e pode ser vista em horários determinados,
principalmente no início do dia. A aplicação de inseticidas na plantação
não elimina completamente as moscas e elas migram para a cidade quando
começa a colheita da soja e falta alimento no campo para elas. Assim,
além de ‘invadirem’ as plantações, as moscas brancas também invadem as
cidades próximas às lavouras.
Nesta segunda-feira (18), um ‘ataque’ assustou moradores de pelo menos
quatro cidades da região. Os insetos incomodaram moradores de
Itaporanga,
Buri,
Itaberá e Itapeva.
A jornalista Alene Santos, moradora de Itapeva, conta que ficou
preocupada com a invasão das moscas. Segundo ela, por não saber se os
insetos eram prejudiciais à saúde humana, ficou em alerta com o filho de
três anos de idade. A mãe conta que ele é alérgico a picadas de
insetos. “Há uma semana percebi que os insetos começaram a aparecer
perto da minha casa. Fiquei preocupada”, conta.
Santos afirma que ficou mais sossegada após ler uma reportagem
publicada pelo G1 Itapetininga explicando que as moscas são inofensivas
aos humanos. “Quando li a reportagem, fiquei mais tranquila”, comenta.
Cuidados com jardins
O engenheiro agrônomo alerta que a mosca branca também pode se
procriar em jardins. Elas podem ser vistas em plantas e flores pelas
residências. Da mesma forma como em plantações de soja, os insetos
prejudicam o desenvolvimento da planta.
Os moradores podem combater ao inseto com a aplicação de inseticida
comum, os produtos químicos utilizados no campos são caros para serem
utilizados em residências. O especialista orienta ainda que é preciso
tomar cuidado ao aplicar o produto em casa. “A mosca não é prejudicial
ao ser humano, no entanto, os inseticidas em excesso podem causar
prejuízos a saúde. A população deve ter cautela e paciência com as
moscas”, afirma André De Nadai.
Para ler mais notícias do
G1 Itapetininga e Região, clique em
g1.com.br/tvtemitapetininga