sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Rede Sans promoveu seminário estadual



           No período de 8 a 10 de agosto, foi realizado o I Seminário Estadual da Rede Sans que teve como tema central “Desafios e estratégias para a promoção da alimentação saudável adequada e solidária no Estado de São Paulo”, uma iniciativa viabilizada com recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e executada pelo Instituto de Biociências (IB) da Unesp, câmpus de Botucatu, em parceria com o Instituto Harpia Harpyia.
           A mesa abertura do evento foi composta pela professora Maysa Furlan, que representou a pró-reitora de pesquisa da Unesp, Maria José Soares Mendes Giannini; pelo diretor do Instituto de Biociências da Unesp, câmpus de Botucatu, Renato Eugênio da Silva Diniz; pela secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Monika Bergamaschi; pelo prefeito de Águas de Lindóia, Martinho Antônio Mariano; por Dom Mauro Morelli, do Instituto Harpia Harpyia; pela professora Maria Rita Marques de Oliveira, coordenadora do projeto Rede Sans; por José de Ribamar de Araújo e Silva, representante da Ação da Cidadania no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea); e Mônica Inez Elias Jorge, representante do Conselho Regional de Nutricionistas (CRN-3).
            Mônica Jorge falou da importância da Rede e declarou apoio às atividades. “Entendemos que é primordial, mas é extremamente desafiador também a formação de uma rede articulada, com princípios e objetivos comuns. Reunir pessoas em torno de uma missão não é tarefa nada fácil, ainda mais nesse nosso estado extenso, tão diverso nas suas características geográficas, econômicas, sociais e culturais”, disse. “O Conselho só pode se colocar à disposição dos nutricionistas e de toda Rede Sans para colaborar e apoiar as suas atividade quando, onde e como for possível”, acrescentou Mônica.
            O representante da Ação da Cidadania no Consea, por sua vez, abordou a necessidade de se desenvolver uma política intersetorial e da sua expectativa em relação a avanços na área enfocada no evento.  “Estou seguro que nós vamos dar um passo definitivo para o fortalecimento de uma visão sistêmica e intersetorial da garantia do direito mais humano e elementar, que é a alimentação”.
            Maurício Broxado de Franca Teixeira, superintendente da área de Tecnologias  para o Desenvolvimento Social da Finep, enviou carta justificando sua ausência e contendo mensagem sobre o projeto, na qual salienta que o mesmo contempla a participação de gestores sociais na construção de políticas públicas em segurança alimentar e nutricional e o trabalho conjunto entre movimentos populares, academia e poder público, além de expor que essa experiência  gera conhecimentos novos em relação à articulação de redes.
             A professora Maria Rita agradeceu o apoio da Unesp às atividades da Rede e falou da esperança de que o Estado de São Paulo tenha um política de segurança alimentar que considere o produtor, a assistência técnica, o preço, o alimento seguro, o comércio e consumo de forma responsáveis, e ainda que os consumidores tenham acesso à educação.
           Monika Bergamaschi comentou que as ações relacionadas à segurança alimentar e nutricional estão presentes em vários setores e que é preciso integrá-las, além de abordar a discrepância que é notável quando algumas pessoas precisam se submeter a regime alimentar e outras não têm acesso à comida. Ela também reconheceu a necessidade de reestruturação do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) do Estado de São Paulo
         A representante da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unesp afirmou que a segurança alimentar tem sido debatida em nível nacional e mundial e que a universidade considera a discussão sobre esse tema urgente e pertinente. Segundo Maísa, têm sido estudadas soluções que contribuem para elencar políticas públicas. Ainda na opinião dela, devem ser considerados os seguintes eixos em relação ao assunto: qualidade de alimentos, respeito aos hábitos e cultura alimentares, sustentabilidade do sistema alimentar e direito humano.
            Por fim, ela desejou que o evento contribua para mudanças sociais. “Que as discussões possam enriquecer o conhecimento da área de forma a subsidiar melhorar qualidade de vida de todos os cidadãos brasileiros e  de toda a sociedade”.
           O diretor do IB considerou que a Unesp cumpre parte de seu papel social ao se envolver em um projeto sobre segurança alimentar e nutricional. Ele também ressaltou o trabalho desenvolvido pela coordenadora da Rede Sans e pelas demais pessoas que participam dos trabalhos, o sucesso alcançado até o momento e ainda a importância do evento para ampliação da Rede.


Apresentação da Rede e lançamento do Interanutri
Dom Mauro Morelli foi responsável pela fala de acolhimento
            Após exibição de vídeo sobre a Rede Sans, houve fala de acolhimento realizada por Dom Mauro Morelli, do Instituto Harpya Harpia e da Rede Sans. Em sua exposição, ele explicou que alimentação é questão de ética, além de associá-la à vida e à paz.  “Queremos trabalhar para que o povo seja saudável, criativo, inteligente e bem-humorado”, comentou.
Ainda segundo ele, hoje todas as pessoas são acometidas por problemas relacionados à segurança alimentar e nutricional.
           Também no início do evento, foi realizado o lançamento do curso de educação a distância interanutri – modalidade nutricionista, que é coordenado pela nutricionista e professora Maria Cristina Faber Boog.



Atividades


             As atividades programadas foram divididas em quatro eixos. Os trabalhos do primeiro estavam relacionados ao assunto “Produção de alimentos e sustentabilidade” e teve como objetivos fomentar a organização de agricultores para o fortalecimento do trabalho cooperativo, com vistas à melhoria das condições de vida no campo e ao subsídio técnico e operacional para a produção de alimentos saudáveis em bases solidárias; discutir a produção de alimentos em bases sustentáveis e as ameaças aos recursos naturais com ênfase na questão da água; fortalecer as parcerias para a promoção do desenvolvimento local dos municípios que compõem os Territórios da Cidadania do Estado de São Paulo; debater questões ligadas à segurança do alimento, desde as práticas agrícolas até as condições sanitárias de preparo, comercialização e consumo de alimentos; e discutir e fomentar parcerias para a inserção da alimentação e nutrição como tema transversal do currículo escolar, a partir de subsídios às práticas pedagógicas nas escolas e, ao mesmo tempo, cuidar da qualidade da alimentação servida aos escolares, assim como valorizar a agricultura familiar.
              Já o segundo enfocou “Comércio e consumo de alimentos na sociedade contemporânea”. Nesse caso, a intenção das exposições foi discutir como se estruturam o comércio de alimentos nos municípios, o comportamento do consumidor e a economia solidária; debater o papel da mídia no processo de construção do hábito alimentar da população brasileira, seja ela como ferramenta de educação a partir do marketing social ou como mecanismo de persuasão ao consumismo a serviço do mercado; enfocar a possibilidade dos espaços coletivos das cidades como ambientes promotores da saúde e segurança alimentar e nutricional; conhecer o trabalho desenvolvido por instituições do terceiro setor e promover parcerias para a realização de atividades de promoção da alimentação saudável, adequada e solidária; e rever e discutir soluções para os problemas de saúde ligados à alimentação e nutrição no Estado de São Paulo, com destaque para a obesidade.
              O terceiro eixo foi centrado no assunto “Ciência, Tecnologia e inovação em segurança alimentar e nutricional” e visou proporcionar à comunidade universitária a oportunidade de apresentar e discutir projetos e iniciativas de Segurança Alimentar e Nutricional (San) em desenvolvimento no meio universitário e outros ambientes de pesquisa. Além de obter um panorama das pesquisas em San no Estado de São Paulo a fim de apontar diretrizes aos pesquisadores e agências de fomento. Para tal, houve apresentações de trabalhos de grupos de pesquisas.
              Uma outra vertente abordou A diversidade do povo brasileiro” e teve como metas fazer um levantamento de demandas dos povos e grupos da população de São Paulo com necessidades nutricionais especiais e/ou costumes alimentares específicos, tendo como referência o direito humano à alimentação saudável adequada e solidária e discutir estratégias para identificar e promover à condição de cidadão as pessoas que no Estado de São Paulo tenham seus direitos sociais violados, entre os quais se inclui o direito humano à alimentação adequada. 
               Já no encerramento, foram apresentadas as cartas dos quatro grupos. Os documentos estão disponíveis aqui.  O I Seminário da Rede Sans, também contou com atividades culturais.
            “Considero que atingimos os nossos objetivos. Tivemos participantes de todas as regiões do Estado, dos mais diferences cenários. Todas os temas propostos foram amplamente discutidos e o resultado das discussões foi sistematizado com a participação geral”, avaliou a coordenadora geral da Rede Sans. “Foi uma forma de reafirmar e aprofundar as propostas da IV Conferência e, quem sabe, instigar o governo do Estado de São Paulo para uma efetiva Institucionalização da Política de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável. Acima de tudo, foi um importante momento para reflexão sobre as atividades da Rede-SANS, estabelecer parcerias, fortalecer a Rede, conhecer as prioridades da população e vislumbrar caminhos”, complementou a professora Maria Rita.

             
        

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