Rede Sans promoveu seminário estadual
No período de 8 a 10 de agosto, foi realizado o I
Seminário Estadual da Rede Sans que teve como tema central “Desafios e
estratégias para a promoção da alimentação saudável adequada e solidária no
Estado de São Paulo”, uma iniciativa viabilizada com
recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação por meio da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e executada pelo Instituto de
Biociências (IB) da Unesp, câmpus de Botucatu, em parceria com o Instituto
Harpia Harpyia.
A
mesa abertura do evento foi composta pela professora Maysa Furlan, que
representou a pró-reitora de pesquisa da Unesp, Maria José Soares Mendes
Giannini; pelo diretor do Instituto de Biociências da Unesp, câmpus de
Botucatu, Renato Eugênio da Silva Diniz; pela secretária de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, Monika Bergamaschi; pelo prefeito de
Águas de Lindóia, Martinho Antônio Mariano; por Dom Mauro Morelli, do Instituto Harpia
Harpyia; pela professora Maria Rita Marques de Oliveira, coordenadora do
projeto Rede Sans; por José de Ribamar de Araújo e
Silva, representante da Ação da Cidadania no Conselho Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (Consea); e Mônica Inez Elias Jorge, representante do
Conselho Regional de Nutricionistas (CRN-3).
Mônica
Jorge falou da importância da Rede e declarou apoio às atividades. “Entendemos
que é primordial, mas é extremamente desafiador também a formação de uma rede
articulada, com princípios e objetivos comuns. Reunir pessoas em torno de uma
missão não é tarefa nada fácil, ainda mais nesse nosso estado extenso, tão
diverso nas suas características geográficas, econômicas, sociais e culturais”,
disse. “O Conselho só pode se colocar à disposição dos nutricionistas e de toda
Rede Sans para colaborar e apoiar as suas atividade quando, onde e como for
possível”, acrescentou Mônica.
O
representante da Ação da Cidadania no Consea, por sua vez, abordou a
necessidade de se desenvolver uma política intersetorial e da sua expectativa
em relação a avanços na área enfocada no evento. “Estou seguro que nós vamos dar um passo
definitivo para o fortalecimento de uma visão sistêmica e intersetorial da
garantia do direito mais humano e elementar, que é a alimentação”.
Maurício Broxado de Franca Teixeira, superintendente
da área de Tecnologias para o Desenvolvimento Social da Finep, enviou carta justificando
sua ausência e contendo mensagem sobre o projeto, na qual salienta que o mesmo
contempla a participação de gestores sociais na construção de políticas públicas
em segurança alimentar e nutricional e o trabalho conjunto entre movimentos
populares, academia e poder público, além de expor que essa experiência gera conhecimentos novos em relação à
articulação de redes.
A
professora Maria Rita agradeceu o apoio da Unesp às atividades da Rede e falou
da esperança de que o Estado de São Paulo tenha um política de segurança
alimentar que considere o produtor, a assistência técnica, o preço, o alimento
seguro, o comércio e consumo de forma responsáveis, e ainda que os consumidores
tenham acesso à educação.
Monika Bergamaschi comentou que as ações relacionadas à segurança
alimentar e nutricional estão presentes em vários setores e que é preciso
integrá-las, além de abordar a discrepância que é notável quando algumas
pessoas precisam se submeter a regime alimentar e outras não têm acesso à
comida. Ela também reconheceu a necessidade de reestruturação do Conselho de
Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) do Estado de São Paulo
A representante
da Pró-Reitoria de Pesquisa da Unesp afirmou que a segurança alimentar tem sido
debatida em nível nacional e mundial e que a universidade considera a discussão
sobre esse tema urgente e pertinente. Segundo Maísa, têm sido estudadas
soluções que contribuem para elencar políticas públicas. Ainda na opinião dela,
devem ser considerados os seguintes eixos em relação ao assunto: qualidade
de alimentos, respeito aos hábitos e cultura alimentares, sustentabilidade do
sistema alimentar e direito humano.
Por
fim, ela desejou que o evento contribua para mudanças sociais. “Que as
discussões possam enriquecer o conhecimento da área de forma a subsidiar
melhorar qualidade de vida de todos os cidadãos brasileiros e de toda a sociedade”.
O
diretor do IB considerou que a Unesp cumpre parte de seu papel social ao se
envolver em um projeto sobre segurança alimentar e nutricional. Ele também
ressaltou o trabalho desenvolvido pela coordenadora da Rede Sans e pelas demais
pessoas que participam dos trabalhos, o sucesso alcançado até o momento e ainda
a importância do evento para ampliação da Rede.
Apresentação da Rede e lançamento
do Interanutri
|
Dom Mauro Morelli foi responsável pela fala de acolhimento |
Após
exibição de vídeo sobre a Rede Sans, houve fala de acolhimento realizada por
Dom Mauro Morelli, do Instituto Harpya Harpia e da Rede Sans. Em sua exposição,
ele explicou que alimentação é questão de ética, além de associá-la à vida e à
paz. “Queremos trabalhar para que o povo
seja saudável, criativo, inteligente e bem-humorado”, comentou.
Ainda segundo ele, hoje todas as pessoas são
acometidas por problemas relacionados à segurança alimentar e nutricional.
Também no início do evento, foi realizado o lançamento do curso de
educação a distância interanutri – modalidade nutricionista, que é coordenado
pela nutricionista e professora Maria Cristina Faber Boog.
As atividades programadas foram
divididas em quatro eixos. Os trabalhos do primeiro estavam relacionados ao
assunto “Produção de alimentos e sustentabilidade” e teve como objetivos
fomentar a organização de agricultores para o fortalecimento do trabalho
cooperativo, com vistas à melhoria das condições de vida no campo e ao subsídio
técnico e operacional para a produção de alimentos saudáveis em bases
solidárias; discutir a produção de alimentos em bases sustentáveis e as ameaças
aos recursos naturais com ênfase na questão da água; fortalecer as parcerias
para a promoção do desenvolvimento local dos municípios que compõem os
Territórios da Cidadania do Estado de São Paulo; debater questões ligadas à
segurança do alimento, desde as práticas agrícolas até as condições sanitárias
de preparo, comercialização e consumo de alimentos; e discutir e fomentar
parcerias para a inserção da alimentação e nutrição como tema transversal do
currículo escolar, a partir de subsídios às práticas pedagógicas nas escolas e,
ao mesmo tempo, cuidar da qualidade da alimentação servida aos escolares, assim
como valorizar a agricultura familiar.
Já o segundo enfocou “Comércio e
consumo de alimentos na sociedade contemporânea”. Nesse caso, a intenção das
exposições foi discutir como se estruturam o comércio de alimentos nos
municípios, o comportamento do consumidor e a economia solidária; debater o
papel da mídia no processo de construção do hábito alimentar da população
brasileira, seja ela como ferramenta de educação a partir do marketing social
ou como mecanismo de persuasão ao consumismo a serviço do mercado; enfocar a
possibilidade dos espaços coletivos das cidades como ambientes promotores da
saúde e segurança alimentar e nutricional; conhecer o trabalho desenvolvido por
instituições do terceiro setor e promover parcerias para a realização de
atividades de promoção da alimentação saudável, adequada e solidária; e rever e
discutir soluções para os problemas de saúde ligados à alimentação e nutrição
no Estado de São Paulo, com destaque para a obesidade.
O terceiro eixo foi centrado no
assunto “Ciência, Tecnologia e inovação em segurança alimentar e nutricional” e
visou proporcionar à comunidade universitária a oportunidade de apresentar e
discutir projetos e iniciativas de Segurança Alimentar e Nutricional (San) em
desenvolvimento no meio universitário e outros ambientes de pesquisa. Além de
obter um panorama das pesquisas em San no Estado de São Paulo a fim de apontar
diretrizes aos pesquisadores e agências de fomento. Para tal, houve
apresentações de trabalhos de grupos de pesquisas.
Uma outra vertente abordou “A
diversidade do povo brasileiro” e teve como metas fazer um levantamento de
demandas dos povos e grupos da população de São Paulo com necessidades
nutricionais especiais e/ou costumes alimentares específicos, tendo como
referência o direito humano à alimentação saudável adequada e solidária e
discutir estratégias para identificar e promover à condição de cidadão as
pessoas que no Estado de São Paulo tenham seus direitos sociais violados, entre
os quais se inclui o direito humano à alimentação adequada.
Já no encerramento, foram
apresentadas as cartas dos quatro grupos. Os documentos estão disponíveis
aqui. O I Seminário da Rede Sans, também
contou com atividades culturais.
“Considero
que atingimos os nossos objetivos. Tivemos participantes de todas as regiões do
Estado, dos mais diferences cenários. Todas os temas propostos foram amplamente
discutidos e o resultado das discussões foi sistematizado com a participação
geral”, avaliou a coordenadora geral da Rede Sans. “Foi uma forma de reafirmar
e aprofundar as propostas da IV Conferência e, quem sabe, instigar o governo do
Estado de São Paulo para uma efetiva Institucionalização da Política de Segurança
Alimentar e Nutricional Sustentável. Acima de tudo, foi um importante momento
para reflexão sobre as atividades da Rede-SANS, estabelecer parcerias,
fortalecer a Rede, conhecer as prioridades da população e vislumbrar caminhos”,
complementou a professora Maria Rita.